A vida social da população pomerana sempre foi muito ligada à terra. Os imigrantes provenientes da Europa pouco conheciam além do latifúndio do seu senhor feudal.
Já no Brasil tiveram que se adaptar a uma série de circunstâncias locais, o que terminou influenciando todo o seu contexto social. Se no estado do Espirito Santo passaram a experimentar uma vida muito isolada, em Santa Catarina, de certa forma, foram absorvidos pelos demais grupos germânicos e, por que não dizer, pela própria indústria, carente de mão-de-obra.
Já no Rio Grande do Sul, favorecidos pela inexistência de quaisquer barreiras geográficas, um grande percentual dos descendentes dos imigrantes pomeranos seguiu para a região central do estado. Ao assimilar a cultura e a língua dos “hunsrücker”, passaram a viver como se integrantes deste grupo fossem. Muito cedo, o modo de ser alemão foi-lhes imposto pelos pastores e professores vindos da Alemanha.
A própria língua pomerana sequer era admitida como idioma de comunicação. Não podiam dizer “Herr Praister” (pastor em pomerânio) ao se referirem ao sacerdote da comunidade e sim, “Herr Pastor”. Decisões como o de indicarem um pastor-colono para executar os ofícios religiosos da sua comunidade ou de nomearem um professor de suas próprias fileiras para a alfabetização dos seus filhos era visto pelas organizações germânicas no Brasil como algo sem fundamento.
Na prática, isto terminou criando certo distanciamento entre o pequeno grupo mais intelectualizado constituído pelos pastores e professores alemães e os colonos que falavam apenas a língua pomerana, com seus reflexos até na adoção do modelo de comportamento social.
*Ivan Seibel, Reg. Prof. Mtb 14.557, natural do Espírito Santo, é médico em Venâncio Aires, RS, escritor (“Imigrantes a duras penas”, entre outros), comentarista do programa radiofônico semanal AHAI – A Hora Alemã Intercomunitária > bl 03, colunista www.brasilalemanha.com.br e editor de Folha Pomerana Express >