Os pomeranos, no que se refere ao jogo das forças culturais, desde o século dezessete eram considerados “menos”. Já aqui no Brasil, a absoluta maioria continuou vivendo como camponeses que se comunicavam em uma língua não aceita pelos detentores do “conhecimento”, isto é, pelos alemães.
Naquela época, as crianças eram muito pouco instruídas. Até os 10 anos de idade acreditavam nas façanhas da cegonha, no coelhinho da páscoa e no Papai Noel. Simplesmente acreditavam, porque não havia quem lhes oferecesse qualquer explicação em contrário.
Também na noite de Natal, toda a família se reunia em torno de uma árvore de Natal improvisada e as crianças recebiam algumas balas e um brinquedo. Não havia toda aquela exuberância consumista, sem qualquer conotação espiritual, que hoje se pode observar em grande parte dos lares. Depois, com alegria esperavam pelo Ano Novo e a chegada do próximo evento, a Páscoa.
O mesmo valia para a “chegada” de novos membros da família. Lá na Pomerânea falava-se da cegonha. Como aqui na maior parte dos assentamentos não se conhecia esta ave, em algumas localidades passaram a falar em macacos, como sendo os transportadores das crianças recém-nascidas. Era uma forma mais fácil para os pequeninos entenderem este milagre do nascimento. Somente bem mais tarde, como adolescentes, ou até mesmo como adultos, passavam a compreender que a vinda da cegonha, a história dos macacos, do Papai Noel, do coelhinho da Páscoa eram apenas histórias. Hoje são anedotas, mas, para os nossos antepassados eram uma realidade. Era um outro mundo.
*Ivan Seibel, Reg. Prof. Mtb 14.557, natural do Espírito Santo, é médico em Venâncio Aires, RS, escritor (“Imigrantes a duras penas”, entre outros), comentarista do programa radiofônico semanal AHAI – A Hora Alemã Intercomunitária > bl 03, colunista www.brasilalemanha.com.br e editor de Folha Pomerana Express >