O destino dos canoeiros e tropeiros – por Ivan Seibel*

Na região de São Lourenço, tanto em função da relativa proximidade com as cidades de Pelotas e Rio Grande, como também pelo fato de muitos pomeranos terem uma boa familiaridade com lagos e rios, manteve-se um maior contato com estes dois centros urbanos.

Em Santa Catarina, ao menos nas primeiras décadas, se registrou uma certa endogenia dos assentados na região de Pomerode. Já no Espirito Santo, o total isolamento que logo se instalou persistiu durante praticamente um século. O transporte das mercadorias, seja das que saiam dos assentamentos ou os que abasteciam esta população vinham sobretudo dos canoeiros ou das tropas de mulas.

Não havia estradas como hoje conhecemos. As vias de trânsito naturais eram as picadas abertas a facão e enxadão e o próprio curso dos rios. Tropeiros e canoeiros eram responsáveis pela condução dos mais variados tipos de carga. Com o passar dos anos também nestes longínquos pagos, as estradas foram chegando. Aqui teve início um lento e fatal desaparecimento dos grandes atravessadores representados pelos comerciantes das pequenas localidades. As duas grandes categorias profissionais, constituídas pelos canoeiros e pelos tropeiros tiveram destinos diferentes.

O primeiro grupo, na sua maioria afrodescendentes, com suas embarcações paradas nos portos, migraram para a crescente demanda de trabalhadores de força muscular mais bruta. Aos tropeiros, substituídos pelos veículos motorizados nas estadas não restou alternativa que não se embrenhar nas pequenas picadas, dos mais longínquos sítios do interior do Brasil.

*Ivan Seibel, Reg. Prof. Mtb 14.557, natural do Espírito Santo, é médico em Venâncio Aires, RS, escritor (“Imigrantes a duras penas”, entre outros), comentarista do programa radiofônico semanal AHAI – A Hora Alemã Intercomunitária > bl 03, colunista www.brasilalemanha.com.br e editor de Folha Pomerana Express >
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