O recuo da fronteira da Pomerânia

(na Alemanha

Ivan Seibel**

As questões pomeranas têm sido discutidas com cada vez mais frequência nas redes sociais, sobretudo os aspectos envolvendo a sobrevivência da língua pomerana nos territórios da Europa Central que antigamente compreendiam os ducados da Pomerânia. Realmente, quem visita essas regiões observa que as suas populações a cada ano que passa utilizam menos este idioma. Mas, lógico, sempre há alguns que ainda o fazem. Em uma das minhas últimas visitas à cidade de Greifswald fiquei hospedado em um hotel na Lange Strasse 44, a principal rua da cidade. O meu quarto se localizava justamente no primeiro andar, no lado da rua. Com isto tive a oportunidade de observar as pessoas que passavam abaixo, ouvir as suas conversas e sobretudo, tentar identificar a sua maneira de falar. Havia pessoas se comunicando em alemão, em inglês, francês e em outras línguas, para mim incompreensíveis. Afinal, Greifswald é sede de uma importante universidade e quase 20% da sua população é constituída de estudantes. Mas o que mais me chamou a atenção, não foi somente o número de pessoas que ainda falavam diferentes “dialetos” do baixo-alemão (Niederdeutsch). Mas, também, o significativo número de transeuntes  que se  comunicavam em pomerano.

Mas voltemos a Pomerânia Oriental, hoje anexada à Polonia, na forma de três províncias poloneses. O fato da maioria dos habitantes da Stettin de hoje desconhecerem a história pomerana facilmente é explicável pela limpeza étnica ocorrida em toda esta área, a partir de 1945.  Praticamente toda a população da região anexada foi expulsa (perto de dois milhões de habitantes) e em seu lugar foram assentados poloneses igualmente deslocados pelo avanço dos russos sobre a Polônia Oriental. Os cerca de 50 mil pomeranos que lá permaneceram terminaram se misturando com os eslavos em um processo de miscigenação quase compulsório. Essa população remanescente, por assim dizer, foi “obrigada a esquecer” o seu passado pomerano.

*Ivarn Seibel é de origem pomerana, nascido no Espírito Santo, escritor, ativista cultural, editor da Folha Pomerana Express, comentarista AHAI – bloco 03 e médico em Venâncio Aires, RS.