Es war einmal uma imensa área de terras cobertas por vegetação natural, terra devoluta. Nela, o governo da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul fundou a Colônia Santa Cruz, após ter constatado o progresso da Colônia São Leopoldo. Enviou então emissários à Alemanha para divulgar os prodígios da terra prometida. Muitas famílias aderiram ao apelo.
Consigo trouxeram poucos objetos, mas diversos bens imateriais. Entre eles o valor da educação e da união. A maioria sabia ler e escrever. Naquele tempo, frequentar escola já fazia parte do cotidiano na antiga Heimat. Aqui o governo lhes assegurava terra para cultivar e, por este caminho, a possibilidade de serem donos de suas vidas. Isto, porém, não lhes bastava. Para serem seres livres precisavam que seus filhos aprendessem a ler e escrever. Mas na Colônia não havia escola.
Não esperaram por auxílio público. Valeram-se de seu espírito de união e criaram escolas comunitárias. Em 1853, a primeira. Muitas se seguiram. Em 1868 fundaram a Pfarrschule, que veio a ser o Colégio Mauá; em 1871, a Pfarrschule que deu origem ao Colégio São Luiz. Na época em que Vargas iniciou o processo de nacionalização, pelos idos de 1937, a região contava com 139 escolas, das quais 126 eram privadas, ou seja, comunitárias. Até então não havia escola pública municipal. As comunidades haviam construído uma rede de escolas para garantir o desenvolvimento intelectual de seus filhos. A maioria delas não resistiu aos desígnios de Vargas que condenou línguas e culturas imigrantes.
No entanto, o espírito de esforço coletivo, do valor da educação não pereceu, ao contrário, permeou os ideais de um grupo de pessoas e entidades que os levou a se unirem em favor da educação e a criarem, em 1962, a Associação Pró-Ensino Santa Cruz do Sul – APESC. Já em 1964 implantavam a primeira faculdade. No inicio dos anos 80 fundavam as Faculdades Integradas de Santa Cruz – FISC. Em 1990 foi protocolada no MEC a Carta-Consulta para a criação de uma Universidade. Sonho que se concretizou em 1993: a UNISC passou a ser realidade entre nós.
Neste dia 20 de junho nossa universidade completa 20 anos de história, de exitosa trajetória alicerçada no ideal comunitário, sem fins lucrativos. Todos seus recursos são investidos em ações que visam qualidade e ampliação de sua inserção pelo desenvolvimento social, cultural e econômico.
Uma universidade que continua solidamente se construindo, fiel ao seu modelo original comunitário, que a levou ao estágio de desenvolvimento em que se encontra hoje. A UNISC está em constante construção, acompanha o desenvolvimento tecnológico e, ao mesmo tempo, está direcionada para a qualidade e para o humanismo com vistas ao bem regional.
O seu caráter público não estatal, seu ideal de fomento ao desenvolvimento em geral e do regional em particular, faz-me sentir orgulho de há 25 anos fazer parte dessa história. Junto com ela insiro-me e contribuo para o desenvolvimento de minha região, de minha HEIMAT, legada por aqueles pioneiros que instauraram o processo educacional na Colônia Santa Cruz.
*Lissi Bender é professora de Leitura e Produção de Textos, Língua, Literatura e Cultura Alemã, Subchefe do Dep. de Letras da UNISC – Universidade de Santa Cruz do Sul, RS, doutoranda na Universidade de Tübingen, Alemanha, comentaista do programa radiofônico AHAI – A Hora Alemã Intercomunitária/Die Deutsche Stunde der Gemeinden e colunista de www.brasilalemanha.com.br.
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