Por Eckhard Ernst Kupfer, jornalista alemão radicado em São Paulo, diretor aposentado do Instituto Martius-Staden.
Introdução: Esta foi a principal tese da jovem filósofa Eva von Redeker em uma conversa com Richard David Precht, transmitida pelo canal ZDF e distribuída mundialmente pela Deutsche Welle.
Sua tese, também defendida por ela em seu aclamado livro intitulado “Revolução pela Vida”, é que o capitalismo privou o homem de sua dignidade e liberdade, sendo o responsável pelo declínio do meio ambiente. Hoje, essa tese cai em terreno fértil entre muitos intelectuais e cidadãos bem-sucedidos da geração de menos de 40 anos em países altamente desenvolvidos.
O capitalismo está diante de seus olhos: Corporações multinacionais e os blue chips modernos como Apple, Microsoft, Facebook, Twitter, Amazon e Tesla, que enquanto fazem pessoas trabalharem para elas, são exploradoras, e escravizam seus empregados. Além disso, devido ao uso de muitos recursos naturais, consequentemente são os principais exploradores e destruidores da natureza. Porém, os especialistas financeiros e os bancos são ainda piores: eles não criam nenhum valor agregado e ainda enriquecem com o dinheiro dos outros.
A solução, segundo von Redeker, seria dar liberdade às pessoas para que elas possam se desenvolver de acordo com sua vontade, pagar-lhes um salário estatal para sua subsistência, assegurar que elas sirvam ao meio ambiente e aos seus semelhantes e se comportem de forma ambientalmente amigável. No entanto, uma administração sem fins lucrativos teria então que zelar por isso, de forma que o indivíduo se comporte de acordo com as regras.
Ao ouvir ou ler isso, chega-se involuntariamente à conclusão de que essas ideias não são novas. Todas existiram nos últimos séculos: A justa avaliação do trabalho de Karl Marx, ou o movimento comunista após a Revolução Russa de Outubro, ou a ideia comum de Raiffeisen ou dos Kibutz em Israel. Todas estas ideias partiram do trabalho igualitário, da propriedade comunitária e da participação padronizada nos lucros. Somente mais cedo ou mais tarde, alguns desenvolveram maior perspicácia do que os outros nos negócios, criando novos produtos, novas formas de crescer, e assim foram mais bem sucedidos e ganharam mais dinheiro. Entretanto, desta forma, eles deixam os outros trabalharem para eles. O termo progresso diz tudo, aqueles que progredirem são mais bem sucedidos e têm mais lucro, seja em dinheiro, poder ou posses.
Provavelmente sempre haverá pensadores que querem mudar e nivelar esse desenvolvimento natural, mas com os seres humanos da atualidade, nenhuma maioria pode ser alcançada.