Quem era esta princesa rica que, à primeira vista parecia ter
saído pelo mundo, a gastar o dinheiro do Reino da Baviera?
Antes de qualquer coisa,
será preciso dizer que se tratava de alguém que, fora do
seu espaço de tempo, surpreendeu o mundo pelo seu conhecimento
e coragem. Foi uma época em que a mulher nada valia.
Nada mais era que não fosse dama de companhia de alguma
senhora ricaça ou da aristocracia e que, por seu lado,
também nada fazia. Foi uma época em que a futilidade dominada
os salões de convivência da nobreza européia.
Esta jovem senhora, nascida em 1850, terceira filha do
príncipe regente Luitpold da Baviera e da Áustria, como
autodidata "ousou" estudar história, geografia, geologia,
botânica, zoologia e etnologia e viajar pelo mundo na comprovação
prática dos seus conhecimentos sobre o ser humanoe o seu entorno.
Teresa da Bavária, nas décadas de 1880 e 1890 viajou pela Europa,
pela África, América do Norte e América do Sul, realizando seu
amplo estudo que resultou na extensa coleção de artefatos zoológicos,
botânicos e etnológicos e que representou a conquista do respeito do
mundo científico e acadêmico da sua época. Tornou-se a primeira mulher
a conquistar, em reconhecimento às suas pesquisas e suas publicações,
o mais alto título concedido por uma universidade européia,
até lá acessível apenas aos homens:
Doutora Honoris Causa.
Foi esta a Princesa da Bavária, que, ao longo de uma viagem de
pouco mais de duas semanas produziu uma obra que precisa ser lida,
ou melhor, que deve ser decifrada pela riqueza nela inserida,
pelos dados científicos, históricos e, sobretudo pela sua poesia.
Traduzir um livro, com auxílio da moderna tecnologia da informática é
relativamente fácil. Agora, reproduzir em um novo idioma esta poesia e
riqueza literária deste texto requer muito mais do que a geração de uma
nova versão de frases convertidas para a língua portuguesa. Será preciso
conhecer seus personagens, sua história, perceber seu sentimento,
identificar sua determinação, sua ousadia. Será preciso conseguir
acompanhá-la na sua viagem, sentir seu cansaço e suas preocupações.
Será preciso perceber o romantismo com que vê o ambiente ainda
virgem da selva tropical,
com sua rica fauna e flora e sua interação com uma natureza ainda intocada.
Somente depois de tudo isto a leitora ou o leitor estarão preparados a
identificar a poesia, não em verso, mas em prosa, desta maravilhosa obra
que merece ser lida, especialmente por aqueles que têm seu vínculo com
este pedaço de chão espremido entre o populoso Rio de Janeiro, a rica
Minas Gerais e a festiva Bahia. É uma história para os habitantes
desta Terra Capixaba, com muito do seu passado ainda por desvendar.
Ivan Seibel - comentarista de AHAI - A Hora Alemã Intercomunitária/Die
deutsche Stunde der Gemeinden e colunista de www.brasilalemanha.com.br