Outro dia, quando Herr Gessinger, meu parceiro desta coluna, estava entrando em seu período sabático de final de ano, promovia uma reflexão em seu blog acerca daquilo que move as pessoas, sobre o que lhes é importante nesta vida. Ele concluía: “Se pensarmos bem, amealhamos muito mais do que realmente precisamos. E não damos bola para a alma e para nosso próprio corpo dolorido e cansado.”
Em nossa sociedade (ainda me reportando à reflexão de Gessinger) “os pobres lutam contra a obesidade, pois se alimentam mal dada sua carência financeira; os da classe média baixa lutam quais caranguejos para ter sua TV mil polegadas e viajar para a Disney; os da média média querem comprar sua BMW e os ricos não podem parar se não a bicicleta de ouro cai no chão”. http://ruygessinger.blogspot.com.br/
Muitos de nós trabalham duro, perseguem sonhos e se esquecem de alimentar a alma. Trabalho é dignificante e pode ser muito realizador, principalmente quando permite criatividade. Para além dele, o que mais qualifica minha vida?
Pensando nisso pergunto-me: do que realmente preciso? O que me entusiasma? O que para mim faz a vida neste mundo ser merecedora de ser vivida, cada gota, cada instante? O que alimenta minha alma? Vocês certamente já se fizeram estes questionamentos.
Olho a minha volta, para dentro de mim e, quanto mais me observo, mais eu percebo incomensuráveis motivos a significarem minha vida. Percebo o quanto é maravilhoso viver e imensa gratidão invade meu ser. Entre as incontáveis razões, considero imprescindível:
Um poema a tocar minha alma – o gotejar da chuva sobre as folhas das árvores e – em minha janela – misteriosos dias cinzentos – o verde exuberante que brota em cada primavera – uma coruja que me acorda à noite com seu canto solitário – o gorjeio dos pássaros ao alvorecer – sabor de frutas suculentas junto às árvores do pomar – a exuberância e o perfume das flores – abelhas diligentes e seu doce mel – borboletas levitando sobre prados floridos – florestas escuras – o crepúsculo a se desenhar no horizonte e a invadir minha varanda – a migração das nuvens e das aves no céu – contemplação do mar de estrelas no firmamento à noite – a visão de infinitude por sobre o mar – passeios solitários na praia com os pés submersos na água – viagens para mergulhar em diferentes mundos naturais e culturais – a língua de meus antepassados– interação produtiva e enriquecedora com meus alunos – leituras na cama depois das aulas noturnas –– banho em água morna e perfumada – um bom filme – suaves melodias – um cálice de vinho ou de champanhe em companhia de pessoas queridas – café com leite sem açúcar – um pão quentinho saindo do forno – o crepitar das brasas e a luz das chamas na lareira – um terno abraço – luz de vela a inundar suavemente o ambiente e a alma …
E o que para você, que me lê, é imprescindível e qualifica sua vida? O que o arrebata e toca fundo sua alma?
*Lissi Bender é docente da UNISC – Universidade de Santa Cruz do Sul, RS, comentarista do programa radiofônico AHAI e colunista do portal BrasilAlemanha
Contato: lissi@unisc.br