Há quem chame os anos de 1935/1945 de década da “analfabetização” dos pomeranos. Isto porque, durante este período o governo getulista fechou as escolas mantidas pelas comunidades luteranas, sobretudo porque os seus professores, que eram os pastores alemães, foram proibidos de realizar qualquer tipo e atividade em língua alemã.
Na prática esta vinha sendo o único recurso para a alfabetização aos quais os pomeranos tinham acesso. Na maioria das comunidades rurais, os governos, tanto federal, como estadual e municipal jamais manifestaram qualquer interesse no processo educacional deste segmento da população. Com isto, o ensino confirmatório que na prática também representava a única oportunidade de alfabetização dos filhos destes agricultores passou a ficar seriamente prejudicado, tanto em qualidade como em assiduidade. Pois, também aqui, pessoas da comunidades tiveram que substituir os pastores nesta atividade, digamos, didática e de ensino religioso.
Muitos destes professores improvisados, sem qualquer preparo passaram a ensinar para as crianças um pouco daquilo que eles mesmos haviam aprendido vinte ou trinta anos antes. Já os seus alunos, nas aulas de ensino confirmatório decoravam o “Pai Nosso” e alguns hinos em língua portuguesa. Muitas vezes sequer conheciam o significado deste “palavreado” em português. Apenas decoravam as orações. Já a alfabetização tinha ficado para um segundo plano. Esta foi a geração pomerana “analfabetizada”. Apenas depois da guerra o ensino confirmatório foi restabelecido e continuou sendo dado pelos pastores.
*Ivan Seibel, Reg. Prof. Mtb 14.557, natural do Espírito Santo, é médico em Venâncio Aires, RS, escritor (“Imigrantes a duras penas”, entre outros), comentarista do programa radiofônico semanal AHAI – A Hora Alemã Intercomunitária > bl 03, colunista www.brasilalemanha.com.br e editor de Folha Pomerana Express >