Um casamento arranjado – por Ivan Seibel*

Isto porque, o noivo precisava ter sua terra, assim a noiva também teria garantido o seu dote. Os casamentos geralmente aconteciam entre pessoas que já se conheciam e que costumavam se encontrar em família ou na comunidade. Depois de certo tempo, às vezes até mesmo dentro do mesmo ano, já acontecia o casamento.

Aliás, é o que muitos moradores de mais idade ainda hoje contam. Os pais costumavam entrar na negociação, com argumentos do tipo “esta é uma pessoa com que você poderia casar”. Havia até quem verbalizasse certa ameaça do tipo “se vocês casarem com um rapaz sem terrs, não pisem na minha casa. Como isto poderia dar certo com um rapaz sem terra? Vocês aprenderam a cozinhar, a trabalhar na roça e lavar roupa a fazer todo o serviço da casa. O que vocês querem com um homem que nada tem?” Os costumes eram bastante rígidos.

Para as suas visitas, os jovens iam de paletó na casa da moça, sempre devidamente observados pelos pais das pretendentes. Quem não estivesse bem vestido, corria o risco de ser chamado de “lumbasac” (pé de chinelo). Afinal, nem um paletó tinha!”. Na época o calçado era a botina. Somente mais tarde um ou outro começou a ter um sapato mais baixo conhecido por “meio-sapato”. Era o “Half-schau”.

Quando o pretendente queria casar precisava pedir a mão da moça ao seu pai. A primeira pergunta deste costumava ser: “Você consegue sustenta-la?” Quando já tinha condições para isto, isto é, quando possuía sua própria terra, era anunciado o “casamento, com véu e grinalda” e comunicado que, quem tivesse alguma coisa contra que falasse ou se calasse para sempre.

*Ivan Seibel, Reg. Prof. Mtb 14.557, natural do Espírito Santo, é médico em Venâncio Aires, RS, escritor (“Imigrantes a duras penas”, entre outros), comentarista do programa radiofônico semanal AHAI – A Hora Alemã Intercomunitária > bl 03, colunista www.brasilalemanha.com.br e editor de Folha Pomerana Express >
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