A tão conhecida frase “a fome é o melhor cozinheiro” deve ter sido bem verdadeira para os imigrantes que aqui se fixaram durante a segunda metade do século XIX. Afinal, o seu trabalho pesado na colônia deve também ter trazido uma fome danada. A carne salgado (Sultfleisch) era o principal componente proteico da alimentação diária.
Nas casas dos pastores não costumava ser muito diferente. Entretanto por lá também já preparavam conservas. Para os agricultores, além de haver uma recomendação médica de que o processo de conservação era nocivo à saúde, talvez em decorrência da falta de higiene na sua preparação, ainda era bastante dispendioso e por isto levou algumas décadas para ser assimilado.
As mulheres dos colonos costumavam preparar a carne sempre da mesma maneira, por meio do cozimento até a eliminação do sal, sobretudo, por não terem tempo e oportunidade para aprenderem novas receitas de culinária. Já as esposas dos antigos pastores se tornaram verdadeiros gênios na cozinha, descobrindo novas receitas para dar mais sabor a estas carnes salgadas.
Segundo uma descrição de viagem de 1895, “Um desavisado jamais teria se dado conta de que o ingrediente foi um mero pedaço de carne de porco conservado em sal. A gente senta na mesa e muitas vezes sequer desconfia de quanta dor de cabeça deve ter dado transformar os componentes desta refeição em verdadeiros petiscos”.
*Ivan Seibel, Reg. Prof. Mtb 14.557, natural do Espírito Santo, é médico em Venâncio Aires, RS, escritor (“Imigrantes a duras penas”, entre outros), comentarista do programa radiofônico semanal AHAI – A Hora Alemã Intercomunitária > bl 03, colunista www.brasilalemanha.com.br e editor de Folha Pomerana Express >