A historiografia sobre a imigração pomerana no Brasil, praticamente, não aborda a assistência médica nestas colônias durante as suas primeiras décadas de existência. Com exceção de raros nomes de “médicos práticos”que muitas vezes transitavam pelo interior das Colônias ou até se fixavam nas localidades, onde passavam a atuar como agricultores e sempre que solicitados, prestavam os “serviços médicos” aos necessitados.
Mas, hoje em dia, poucas lembranças afloram na memória de eventuais entrevistados. Se, de um lado, os imigrantes estavam destinados ao trabalho no campo, a falta de uma política pública para a assistência médica também contribuiu para a inexistência de profissionais médicos nestas regiões. A maioria dos relatórios oficiais se refere à presença de médicos nas sedes dos municípios.
Entretanto, a grande maioria da população vivia a dezenas de quilômetros de distância deste recurso. Muitas vezes moribundos eram transportados em verdadeiras “liteiras” improvisadas ao longo de cinco ou dez horas de exaustivas caminhadas, na procura de um último recurso. Por outro lado, a baixa densidade populacional e a falta de perspectivas econômicas não permitiram a vinda para estas paragens, seja de profissionais da Europa ou mesmo de brasileiros formados nas três únicas escolas médicas existentes no Brasil no início do século vinte.
Com isto, a absoluta falta de profissionais habilitados levou ao desenvolvimento de uma medicina popular e que tinha no chamado “Walddoktor” ou “médico da floresta” seu principal articulador. Este, embasando seus conhecimentos em livros de medicina popular, tentava compensar as precárias condições médico-sanitárias.
*Ivan Seibel, natural do Espírito Santo, é médico em Venâncio Aires, RS, escritor (“Imigrantes a duras penas”, entre outros), comentarista do programa radiofônico semanal AHAI – A Hora Alemã Intercomunitária > bl 03, colunista www.brasilalemanha.com.br e editor de Folha Pomerana Express >