Na cultura pomerana tradicional a confirmação representava o momento da passagem da fase infantil para a idade “quase” adulta. Bom, isto dentro do pensamento das gerações mais antigas. Para estes, a partir daqui podia-se fumar, beber e dançar. Já o namoro, ou melhor, a preparação para o casamento acontecia dentro de regras e de uma moral rígida e em muitos casos com casamentos arranjados. A escolha do noivo ou da noiva muitas vezes envolvia a análise de potencialidades de aquisição de terras. No fundo, representava todo um aspecto de boa ou má sobrevivência em um ambiente de vida muito difícil.
Pelo que se pode concluir, ainda hoje, de praticamente todas as entrevistas que ainda podem ser feitos com integrantes da geração mais antiga ainda viva, ao menos no estado de Espírito Santo, a rigidez envolvendo os aspectos morais ditados pelos pastores e também pelos padres, praticamente condicionavam o comportamento socialmente admissível, à entrada da noiva no casamento com a preservação da virgindade.
Estes valores, praticamente sobreviveram até a década de 1970. Quaisquer infrações destas regras, não raramente resultavam em reprimendas em público, perante toda a comunidade, seguido do pagamento de significativas taxas de indenização. Era o “Buse betola”, isto é, precisava-se pagar pelo arrependimento, o que demonstrava a extensão da ingerência do clero, isto é, dos pastores nas questões morais.
*Ivan Seibel, Reg. Prof. Mtb 14.557, natural do Espírito Santo, é médico em Venâncio Aires, RS, escritor (“Imigrantes a duras penas”, entre outros), comentarista do programa radiofônico semanal AHAI – A Hora Alemã Intercomunitária > bl 03, colunista www.brasilalemanha.com.br e editor de Folha Pomerana Express >