Partículas Elementares, por Tatiana Rockenbach
O cinema alemão vem conquistando cada vez mais espaço. Depois do sucesso do filme “A Queda”, dirigido por Oliver Hirschbiegel, outras produções germânicas têm chegado às telas brasileiras com êxito. “Partículas Elementares”, de Oskar Roehler, é um exemplo recente. Tendo como cenário uma complexa relação entre dois irmãos que mal se conhecem, o filme é um mais dos infindos dramas sobre relações familiares. Mas com uma abordagem bem diferente do que se costuma ver nas telas.
Bruno (Moritz Bleibtreu) e Michael (Christian Ulmen) são irmãos, com mais de trinta anos e personalidades opostas. Bruno é um professor, cujo maior prazer está em realizar suas fantasias sexuais. Michael é um tímido gênio da matemática. Filhos da mesma mãe, hippie, mas de pais diferentes, foram criados separados e só foram saber da existência um do outro quando já adolescentes. Passaram então a se encontrar regularmente e a trocar confidências sobre o rumo de suas vidas.
Mas aí, duas mulheres mudam o rumo dessa história sem graça e sem perspectivas. Duas mulheres por quem eles se apaixonam e que alteram completamente o destino de suas vidas. Clichê? Talvez à primeira vista. Mas o perfil destas personagens, introduzidas com muita sutileza no roteiro de Michel Houellebecq, é diferente do temperamento dócil e previsível das mocinhas.
Uma delas era a menina mais cobiçada do colégio, que se transformou em uma mulher amargurada, sozinha, decepcionada com os amores frustrados e relações superficiais que desenvolveu ao longo dos anos. A outra, uma mulher de personalidade forte, muito segura de sua sexualidade. Uma mulher de aparência frágil, mas que se mostra muito forte. A primeira, aparentemente tão forte e segura de si, no fundo, muito frágil.
Duas mulheres, tão diferentes, mexem de forma inequívoca com estes dois homens através de um sentimento mais forte: o amor. Os irmãos, aparentemente andarilhos, sem direção, subitamente ganham um rumo. Se para melhor ou pior, deixo para o espectador conferir.
Tatiana Rockenbach, jornalista, pós-graduanda em Cinema pela Unisinos (RS)