Todos os povos têm suas crenças ou melhor, as suas crendices. Aliás, a crença geralmente está relacionada a fatores religiosos ou até de vinculação a determinadas comunidades confessionais. Agora, as crendices são determinadas concepções que o povo criou, as quais podem ou não ser verdadeiras. De certa forma poderiam até ser confundidas com hábitos e costumes.
Os pomeranos brasileiros ao longo da sua história, talvez até sem uma justificativa muito clara, durante muitas décadas preservaram uma serie de hábitos que certamente tiveram a sua origem em antigos costumes pagãos. Vale citar como exemplo que, entre o natal e ano novo não se podia fazer qualquer trabalho que implicasse na utilização de uma enxada. Assim, por exemplo, se fosse arrancar um pé de aipim e ficasse alguma raiz no solo, esta teria que ser mantida no lugar até depois do ano novo. Na verdade não havia qualquer explicação para este procedimento.
Havia também momentos do dia a dia que terminavam marcando a vida das pessoas. Assim, o medo do temporal fazia muitas mães acordarem os filhos durante a noite para fazerem as suas orações. Costumes considerados mundanos, eram severamente reprimidos, enquanto que as atividades relacionadas à igreja passaram a ser obrigatórios: Por exemplo, olhar para qualquer manifestação relacionada ao carnaval já se constituía em pecado. “Ouvir rádio” durante a quaresma era proibido. Tudo isto, logicamente, era compensado por uma programação religiosa bastante extensa e com os preparativos dos doces de natal e da páscoa. Na realidade, naqueles tempos, ninguém contestava estes costumes, que foram sendo repassados de geração em geração.
*Ivan Seibel, Reg. Prof. Mtb 14.557, natural do Espírito Santo, é médico em Venâncio Aires, RS, escritor (“Imigrantes a duras penas”, entre outros), comentarista do programa radiofônico semanal AHAI – A Hora Alemã Intercomunitária > bl 03, colunista www.brasilalemanha.com.br e editor de Folha Pomerana Express >