O medo de ser pomerano.- por Ivan Seibel*

Mas, também era grande a dificuldade para as crianças chegarem até as poucas escolas que na época existiam. Não havia linhas de ônibus regulares que pudessem levar e trazer os alunos entre as regiões do interior e as sedes dos municípios.

Foi a época das crianças pomeranas sem escola! A época da geração analfabeta! Alguns começaram a se sentir constrangidos em utilizar a língua alemã ou pomerana em decorrência de toda uma série de dissabores vivenciados com as perseguições sofridas pelos seus familiares. Algumas crianças, de famílias que haviam se mudado para áreas urbanas passaram a utilizar a língua portuguesa no seu dia a dia. Outros, até para não serem molestados chegavam a negar a sua descendência europeia.

Na tentativa de fugir do estigma de “alemão antipatriota, até havia os que foram na procura por casamentos com parceiros ou parceiras de outras etnias”. Naqueles tempos, ser “pomerano” tornara-se sinônimo de caipira sem instrução. Afinal, era a época da geração analfabeta, a geração do pós-guerra que, frequentemente, não tivera acesso ao ensino.

Foi uma época do enclausuramento e do medo de pessoas estranhas. Mas, nada como um dia depois do outro. E foi desta forma que esse povo chegou até a década de 1970, quando descobriu os seus próprios valores.

 
*Ivan Seibel, Reg. Prof. Mtb 14.557, natural do Espírito Santo, é médico em Venâncio Aires, RS, escritor (“Imigrantes a duras penas”, entre outros), comentarista do programa radiofônico semanal AHAI – A Hora Alemã Intercomunitária > bl 03, colunista www.brasilalemanha.com.br e editor de Folha Pomerana Express >
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