OPINIÃO | Uma tragédia brasileira – por Ivan Seibel*

Há muito tempo que sabemos que Deus não é brasileiro. Ainda por cima deve ter raiva deste povinho aqui do sul da América. Telefonaram-me que tinha morrido um ministro do STF em um desastre aéreo. Pensei logo no Toffoli ou no Lewandowski com os quais nada se perdia. Ou no Gilmar Mendes, parlapatão conhecido. Ledo engano. Quando abri a internet era o Teori. Lamentável, trágico, triste. Deus fez uma burrada grande. Agora há que reparar o infausto. E ver se Ele se redime. E coloca luzes na cabeça do Temer para fazer o que a população honesta do Brasil pede e quer: Sérgio Moro no STF.

Ou optar pelo que a população desonesta de Brasília não quer: Sérgio Moro longe do STF. São duas correntes que em menos de 24 horas de consolidaram. De um lado internautas, cronistas e homens sérios pedindo Moro. De outro lado políticos  trapaceiros pedindo que Temer esqueça o juiz de Curitiba. E esta é uma oportunidade que não apareceria nem que o nosso presidente percorresse de joelho o caminho do Santuário de Fátima em Portugal: atender a população, comover os desconfiados, convencer os descrentes e indicar Moro para ser sabatinado no Senado. Isso se Temer for um homem sério, honesto, competente e que não ouve os Padilhas da vida.

Pode ser o contrário: o presidente demorar em indicar um nome. Ouvir as cúpulas partidárias comprometidas, seus assessores envolvidos na Lava Jato. O pústula do Renan. E outros tantos que temem a cadeia. Indicar outro nome. Mas, outro nome, mesmo que seja o do maior jurista brasileiro, vai apenas confirmar que Temer está envolvido com a Lava Jato e quer minar o esforço de milhares de policiais, promotores e juízes. Resta saber se o povo vai aceitar. Se as redes sociais vão aceitar. Se os organizadores de passeatas vão aceitar. Porque, qualquer outra indicação é a confissão escrita de que o presidente está mesmo envolvido com as empreiteiras e suas doações ilegais.

E aí, amiguinho Temer, não adianta jurar inocência ou colocar a esposa como garota-propaganda. Estarás moralmente liquidado. E a pressão das ruas vai retumbar raivosa. E os bandidos de Brasília que se preparem para manifestações muito grandes. Ninguém aguenta mais os noticiários com os desvios dos políticos que continuam soltos. Os ladrões que se matam nos presídios são menos perigosos que os que frequentam os palácios do governo. Os segundos não tem recuperação.

ivar4hartmann@gmail.com 

*Ivar Hartmann é promotor público aposentado, colunista do diário Jornal NH, Grupo Sinos, Novo Hamburgo, RS, e colaborador do portal BrasilAlemanha e da mala direta BrasilAlemanha Neues.