Os ritos de passagem – por Ivan Seibel*

Muitos hábitos e costumes que durante séculos eram praticados na antiga Pomerânia, talvez uma herança do tempo de paganismo, continuaram vivos durante os primeiros cem anos entre os pomeranos que se fixaram aqui no Brasil. Os chamados ritos de passagem se constituem em uma espécie de elo a formarem um círculo que inicia pelo nascimento, passando pelo batismo, pela confirmação, pelo casamento, fazendo o fechamento com a morte, na esperança por uma nova vida.

O pomerano cultiva os rituais que representam uma passagem para uma nova fase da sua vida, a começar com o nascimento, envolvido em segredos e cuidados, seguido pelo batismo, em que a criança começa a ser protegida por uma áura do “ser cristão”. Já em um momento posterior, a confirmação dá-lhe o status de adulto. Com ele passa a poder fumar, beber e dançar. Por último, já como adulto, ao ingressar no casamento passa a viver sua fase de plenos direitos. Agora, casado, usufrui a sua vida plena, cuidando da prole, cumprindo com o seu destino de dar continuidade à espécie.

A morte, com todo o seu cerimonial, em que as janelas da sua casa são abertas para que o espirito possa sair livremente e a ceia com Wittbrot (pão branco), preparada pelas vizinhas e servida depois do sepultamento para saciar a fome dos viajantes que aqui chegaram para uma última visita, irá fechar todo este círculo da sua vida.

*Ivan Seibel, Reg. Prof. Mtb 14.557, natural do Espírito Santo, é médico em Venâncio Aires, RS, escritor (“Imigrantes a duras penas”, entre outros), comentarista do programa radiofônico semanal AHAI – A Hora Alemã Intercomunitária > bl 03, colunista www.brasilalemanha.com.br e editor de Folha Pomerana Express >