Quem vota em Bolsonaro elege Haddad. Só um pacto entre moderados superaria o candidato do PT

Diante deste quadro certo de confronto entre rejeitados, teria razão, em parte, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ao sugerir um nome de consenso, contanto que fosse o do seu correligionário Geraldo Alkmin, que ainda não decolou. Também o reputado jurista Miguel Reale Jr. tentou, mas fracassou, na tentativa de compor uma solução em torno de um nome de consenso.

Uma solução relativamente simples e lógica seria os partidos de centro, de Ciro Gomes, Geraldo Alkmin, Marina Silva, Álvaro Dias e Henrique Meirelles, celebrarem um pacto, já meio tardio, mas ainda viável diante da agilidade das comunicações virtuais, com data pré-fixada para fugirem da derrocada inevitável. Todos continuariam suas campanhas até, por exemplo, até a próxima terça ou quarta-feira. Quem neste dia estiver na frente nas pesquisas seria o nome de consenso para alijar Bolsonaro e fazer frente ao candidato do PT, pois este já é um dos dois finalistas.

Assim procedendo, os moderados, deixando de lado suas já derrotadas vaidades pessoais, teriam condições de suplantar o explosivo homem da direita e entrar com chances praticamente certas de vitória também no segundo turno, uma vez que abriria uma nova perspectiva de voto menos raivoso e sem o ônus de forte rejeição que acompanha o protegido de Lula. E assim o mundo, estarrecido com o Brasil na sua divisão atual entre extremos, veria surgir uma serena perspectiva de estabilidade para os próximos quatro anos, sem os percalços de uma oposição irredutível de direita ou de esquerda.

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A propósito, veja o comentário semanal do jornalista Eckhard Enst Kupfer, diretor do Instituto Martius-Staden, de São Paulo, arguto observador alemão do cenário político brasileiro e preocupado com a divisão interna do país. Título do seu comentário em alemão, desta semana: Wie die Kandidiaten der Mitte den Extremisten helfen – Como os candidatos do Centro ajudam os extremistas.