Um difícil contato com os “brasilioner” – por Ivan Seibel*

Assim, no estado de Espírito Santo, mesmo já tendo passado praticamente 70 anos desde a chegada dos pioneiros pomeranos, especialmente no Vale do Rio Santa Maria, continuava havendo muita dificuldade na aproximação com a população teuto-brasileira e a nativa. Esta característica não pode ser considerada como uma regra geral para a imigração deste Estado, até porque, na Colônia de Santa Isabel já nos primeiros anos houve casamentos entre imigrantes e a população cabocla.

Por outro lado, a barreira do idioma, dos próprios costumes e a própria desconfiança em relação à população nativa continuavam sendo as grandes dificuldades para qualquer aproximação. A situação de certa forma ainda persiste em algumas localidades até os dias atuais, como se pode deduzir da manifestação de um entrevistado afrodescendente, ao ser questionado sobre o assunto: “… sinto que eles têm muito medo de gente de cor mais escura”.

Longe de qualquer conotação política, ideológica ou racial, esta dificuldade talvez possa ser atribuída ao secular enclausuramento desta população nos enclaves de difícil acesso.

*Ivan Seibel, natural do Espírito Santo e médico em Venâncio Aires, RS, é o representante pomerano no programa radiofônico bilíngue AHAI – A Hora Alemã Intercomunitária / Die deutsche Stunde der Gemeinden