Uma alfabetização questionável – por Ivan Seibel*

Sempre que se aborda o tema relacionado à escolaridade da geração que hoje está na faixa dos oitenta anos, temos que lembrar que até à véspera da Segunda Grande Guerra, a maioria das escolas de comunidade  (“Gemeideschaul”), tanto nas comunidades católicas como nas luteranas mantiveram-se vinculadas às igrejas

Por meio delas era ministrado o ensino religioso, as práticas religiosas da igreja, seus cantos, suas orações, a alfabetização e o próprio aprendizado da língua alemã. Aliás, o idioma utilizado no ensino foi o próprio alemão. Ficava, pois o dialeto seja renaniano ou hunsrück ou as línguas pomerana ou holandesa, como idioma de comunicação no âmbito famíliar e, finalmente, o português como língua oficial, muitas vezes com a presença de algum tradutor. Desta forma muitos jovens agricultores, até mesmo na metade do século vinte, mesmo tendo recebido uma alfabetização precária, continuavam sendo verdadeiros poliglotas.

Dentre todos os colonos teuto-brasileiros os pomeranos já desde o início da sua chegada ao Brasil se sobressaíram nas atividades relacionadas ao campo. Certamente, porque na sua terra de origem tinham sido um povo acostumado ao trabalho agrícola. Na Europa foram “Leibeichne”, ou seja, viveram da agricultura, porém em uma quase escravidão na propriedade de algum senhor feudal. Aqui se tornaram proprietários de terras e pioneiros de uma nova agricultura.

*Ivan Seibel, Reg. Prof. Mtb 14.557, natural do Espírito Santo, é médico em Venâncio Aires, RS, escritor (“Imigrantes a duras penas”, entre outros), comentarista do programa radiofônico semanal AHAI – A Hora Alemã Intercomunitária > bl 03, colunista www.brasilalemanha.com.br e editor de Folha Pomerana Express >
Acessse o Informativo >