Vivenciar uma consulta de um Wald Doktor ou de um “curador” é algo, no mínimo curioso, até mesmo pela própria espontaneidade com que o acontecimento costuma transcorrer. Em geral é um diálogo agradável.
Tive o privilégio de vivenciar esta situação. Quando chegou uma cliente para a “consulta”, por ocasião da entrevista com o autor, o “médico” disse que teria que atender. Ponderei que fizesse o seu trabalho e que, enquanto isto, iria seguir conversando com os outros presentes.
Seguiu-se uma rápida conversa entre a “cliente” e o Curador e finalmente o “Doutor” levou a paciente para uma sala de onde ainda podia ser vista, sem que, porém pudéssemos entender o conteúdo do diálogo. Nossa conversa com outros familiares seguiu baixinho para não atrapalhar a “consulta”. “O que consulta com ele?” “De tudo.” “Ela (a “paciente”) está com dor nas costas”. “Ele é nosso doutor”. “Ele examina e dá uma receita […]” “Dá remédio para os meninos. Prá vermes. Tem lápis e caneta e papel e anota tudo isto.
Depois vamos para a farmácia e compramos o remédio. Ele é nosso doutor.O seu sobrinho, o […] também é doutor. A mãe do […] também era. Agora passou para o […]. […] É curador. Walddoktor. […] Mas o remédio é bom.
Ele escreve no papel. A gente pega na farmácia e sempre fica bom. Ele tem respeito pela pessoa. […] Direitinho. É tudo que precisa. E dá certinho”. Como se pode constatar pelo diálogo, aqui existe algo que muito médico facultativo desconhece: a confiança e o tempo para ouvir as pessoas. E isto já representa a metade do tratamento.
*Ivan Seibel, Reg. Prof. Mtb 14.557, natural do Espírito Santo, é médico em Venâncio Aires, RS, escritor (“Imigrantes a duras penas”, entre outros), comentarista do programa radiofônico semanal AHAI – A Hora Alemã Intercomunitária > bl 03, colunista www.brasilalemanha.com.br e editor de Folha Pomerana Express >